quarta-feira, 2 de maio de 2012


Quando eu escrever que ser egoísta cansa – e eu estou cansado -, leia-se no lugar algo bonito. Substitua as palavras por outras de que você goste mais. Dê uma olhada nos arquivos. Tenho certeza de que escrevi algo bonito pra você e, se escrevi, deve estar, sim, nos arquivos em algum lugar. 

Ser egoísta cansa. Principalmente se a parte que no sujeito quer ser egoísta luta com a parte que não quer ser. Principalmente se a parte egoísta perde. Pois ela continua a espernear, como convém a uma parte egoísta. Tenho certeza de que ela esperneia no estômago (gastrite é o nome dela). 

nota mental.

Dizer isso à médica quando todos os exames para as outras coisas derem negativo. talvez ela aconselhe terapia. psicotrópicos matadores de egoísmo, talvez). Principalmente quando você acha que deixou a parte que não quer ser egoísta ganhar porque, no fundo, essa é uma estratégia mesquinha para a parte egoísta não morrer, sobreviver no limiar em que medo e amor se confundem (no estômago?). E eles sempre se confundem. Quem consegue ser tão lúcido? Quando você se livra de um véu mais grosseiro de confusão vem, a seguir, um véu mais sutil. E mesmo esse, sutil, será o grosseiro da camada posterior. Sabe? Uma caixa dentro da outra? Um dia, gostaria de parar em uma delas, em uma das caixas. A delícia de ser superficial. Pelo menos por um instante. 

Uma vez na vida, contentar-se com as migalhas a que os egoístas convictos se dedicam avidamente. Essas caixas são abertas, normalmente, com bisturi. Sem anestesia. 

2° nota mental.

 (Será que terei que fazer endoscopia? úlcera?). É ruim quando não se aceita a mentira e a verdade é difícil. Ou somos todos absolutamente sozinhos ou absolutamente um só. O que é mais fácil? Depende. 

Você quer o mais fácil de aceitar ou o mais provável? Você quer que eu tire o esparadrapo rápido ou devagar?

Posso ficar com o esparadrapo?

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