Eu coleciono
Amores e fracassos.
Andei por um caminho escuro
A largos passos;
Me lancei à sorte,
Como quem procura a morte.
Caí na lama cristalina
Dos perdidos,
No vício saboroso
Dos malditos;
Delirei;
Gozei prazeres diversos
Até o fim;
Deixei em camas diversas
Deixei em camas diversas
Um pedaço de mim.
Chorei, gargalhei;
Morri um pouco,
Mas também matei;
Bebi todos os licores,
Todos os vinhos,
Cachaças,
Whiskys...
Provei todos os sabores,
Dissabores;
Cheirei horrores...
Comi uma infinidade
De amores.
Mas não digo que não fui feliz.
Hoje busco equilíbrio
Hoje busco equilíbrio
Sem medos,
Trapaças,
Rancores;
Encontro nela
O perfume da vida;
Vou e volto ao néctar
Como fazem os beija-flores;
Trago como troféu
A sabedoria das camas,
A satisfação das damas,
A solidão das ruas,
A devassidão das noites,
E uma poesia underground
Que a vida tatuou em mim.
Não me acho “mais”,
Não me acho “mais”,
Não me vejo “menos”;
Sou alguém que aprendeu,
De nada muito,
Mas um pouco de tudo que viveu.
Levei a vida meio na lábia,
Nos serviços prestados
A mulheres que nem sei,
Mulheres que jamais amei.
Mas hoje
Eu estou aqui de pé.
Alguns me amam,
Outros me odeiam;
Mas a minha vida sempre foi assim,
Mas a minha vida sempre foi assim,
Então que seja como é.
Eu não preciso provar mais nada,
Nem preciso de aprovação
De ninguém.
Eu sou o que sou;
Sem orgulho,
Nem vergonha;
Não recebo ordens,
Faço o que me convém.
E aquele que tiver coragem,
Que viva a vida
Como realmente gosta;
Que assuma, se exponha.
Eu tenho uma memória pra deixar,
Uma história pra contar,
E uma experiência de vida pra passar.
Não sou como um coitado
Que dá um cochilo
E quer sonhar;
E sonha.
Me despeço de todos e até a volta.