quinta-feira, 10 de janeiro de 2013

Se os dias agora são feitos de susto, talvez seja influência da noite agindo sobre nós. Há os que produzem e há os que transformam a própria existência em uma máquina produtora. Você não precisa ter lido todos os livros para saber o que não se aprende. Não serei eu quem te dará um nome. Há sempre uma noite disposta a abrir as portas quando as ruas não ousam oferecer perigo. O certo é que beberei. Mas o quase certo é que você não estará lá. Nem aqui. Mas o absolutamente certo é o que eu não ousarei ficar. Nem aqui. Hoje faz uma semana. Hoje faz um ano. Nem aqui. Há sempre uma misteriosa simetria na ordem dos nossos encontros. Haverá. Nem aqui. As conversas adquirem caetanos quando as rodas ousam se dilatar. Aceitamos a idade assim como nossos discos destinados a fracassar. Há um sol pronto para nascer. Haverá. Existem rodas melancólicas que não te levarão a lugar algum. O lugar mais frio do rio é o meu quarto. Testemunhar apaixonamentos alheios não é minha diversão preferida. O lugar mais frio do rio é o meu quarto. Atravessar uma noite no lugar mais frio do rio. Existem planos que precisam ser feitos. Existem datas prontas para serem colocadas em prática. Há sempre um certo sagrado na madrugada. Haverá. A sabedoria do corpo em paixão é cruzar noites inteiras. Existem aqueles que te desejam o mal. Desejarão. Sem saber o que ganhará de volta um de nós decide começar a jogar. Decidirá. Quase ninguém sabe o que aconteceu. Saberá. Em pouco tempo estaremos na capa de todos os jornais. Será, de novo, temporada de caça às raposas. Agora eu habito o chão. Verlust finalmente ousa encalhar. Faz sol através das frestas da janela do meu quarto. A cápsula, fechada, trajeta entre dois pontos infinitamente distantes. Só muito longe daqui ousarei me abrir. Por enquanto, contento-me com as frestas. E com as pálpebras semicerradas.

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