quarta-feira, 20 de março de 2013

O último filho gay da última geração
da última família fracassada
do último mundo de últimos perdedores,
despreocupado em perpetuar
a mízera condição humana.

À troca justa
pelo preço que escolhe.

O maconheiro cabeludo
não pode dar o cu.
Perseguido por todos os lados
vagabundo por essência
e opção.

O viajante solitário das longas estradas
uma mão estendida implorando carona
meu bom amigo tentando passar calma.

A nova visão de sonhos tão antigos
o cheiro da nova realidade
morros se formam no horizonte
vistos da cabine do caminhão.

o caminhoneiro sonolento
vira o vagão nas curvas da pedreira
e assiste os esfomeados roubarem a carga
o gambá atropelado ao tentar
atravessar a avenida.

Um mundo novo cheio de possibilidades
o pau endurece de tamanha excitação.

A garota por quem me apaixonei
me trocou por uma garota e
foi trabalhar em uma plantação de maconha.

Ela fazia poemas sem sentido aparente
e tinha o sistema solar no ventre
e belos olhos verdes
a conduzir outros lúcidos demais.

O empregado, subordinado
limpador de chão
e engasgador de merda alheia.

O amante poeta com rimas pobres
rei dos lagartos e dos cactos dançantes
o jovem de 17 anos prestes a ser pai
é frentista de um posto abandonado na BR da morte.





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