O último filho gay da última geração
da última família fracassada
do último mundo de últimos perdedores,
despreocupado em perpetuar
a mízera condição humana.
À troca justa
pelo preço que escolhe.
O maconheiro cabeludo
não pode dar o cu.
Perseguido por todos os lados
vagabundo por essência
e opção.
O viajante solitário das longas estradas
uma mão estendida implorando carona
meu bom amigo tentando passar calma.
A nova visão de sonhos tão antigos
o cheiro da nova realidade
morros se formam no horizonte
vistos da cabine do caminhão.
o caminhoneiro sonolento
vira o vagão nas curvas da pedreira
e assiste os esfomeados roubarem a carga
o gambá atropelado ao tentar
atravessar a avenida.
Um mundo novo cheio de possibilidades
o pau endurece de tamanha excitação.
A garota por quem me apaixonei
me trocou por uma garota e
foi trabalhar em uma plantação de maconha.
Ela fazia poemas sem sentido aparente
e tinha o sistema solar no ventre
e belos olhos verdes
a conduzir outros lúcidos demais.
O empregado, subordinado
limpador de chão
e engasgador de merda alheia.
O amante poeta com rimas pobres
rei dos lagartos e dos cactos dançantes
o jovem de 17 anos prestes a ser pai
é frentista de um posto abandonado na BR da morte.
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