Sim, eu tenho uma alma.
A sua alma, dança?
Tenho uma alma inquieta, desconfiada
essa nébula dentro de mim, que me faz
ter vontade de gritar.
O doce grito da alma
Desesperado, descabelado
um grito inaudito,
que reverbera em todos becos e ruas
uma alma que só descansa
quando sente o grito da tua.
Tenho uma alma pesada, viciada
enquanto os cachorros da vizinha se matam
e o vigia noturno do prédio na esquina se suicida
eu tento esquecê-la.
Tento ser um pouco, só de carne e osso.
Mas sou carne, osso e sentimentos.
Essa alma surrupiada me diz,
que nunca fui bom no que fiz
e sinto ela indo embora
cada vez que assopro mais um trago do cigarro.
Sim! Eu tenho uma alma!
E a sinto lajetar no meio das pernas
quando te vejo, deitada de bruços,
só de calcinha, sobre meu braço esquerdo.
Nenhum comentário:
Postar um comentário