Numa dispensa houve um rato
Que só manteiga comia,
Uma pancinha criara
Que nem Lutero o vencia.
A cozinheira veneno
No buraco lhe foi pôr;
E tais apertos se viu
Como quem arde de amor.
Dentro e fora corre doido.
Infinda água bebia,
A casa toda roendo,
Não mitigava a agonia;
Dava pulos desesperados
Tanto o apertava a dor;
De cansaço está rendido
Como quem arde de amor.
Afinal agoniado
Aparece a luz do dia,
na cozinha anda a correr
E no lar já estendia.
Estrebuchava o coitado,
E vendo-o no estertor,
Ria a cozinheira. O pobre
Expirou como de amor!
Fausto.
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